“Como se ficava sabendo das notícias em Paris
por volta de 1750?”
Quem fez essa pergunta foi o historiador Robert
Darnton. Hoje ele é o homenageado da vez!
Porquê???
Bem, já faz tempo que eu queria homenagear esse
Yankee, afinal de contas ele foi o cara que mais se debruçou sobre a história
da fofoca moderna (existe uma fofoca medieval??)
Eis que surgiu a desculpa ideal para essa
homenagem! Recentemente chegou ao Brasil seu último livro. Reparem no título,
pois o nome diz tudo!
Como disse um jornalista que resenhou esse livro no Brasil: " Darnton mostra como textos feitos de denúncia, e também de SENSACIONALISMO, desafiaram a censura e o despotismo, criando um clima de mudança que levaria o mundo à era moderna "
Já faz tempo que Darnton pesquisa e escreve
sobre a vida intelectual francesa do século 18. Não pense o leitor que falar da
vida intelectual francesa nessa época é um assunto muito chick!
O grande mérito de Darnton foi cunhar a
expressão “Rousseaus de sarjetas”. Se a história lembra apenas de Rousseau,
Diderot e Voltaire como distintos pensadores, Darnton fez questão de lembrar
que na Paris do século XVIII haviam várias figuras como eles.
Todos faziam parte de uma burguesia bastarda, cujo
ambiente favorito era o bar, no turno da noite, obviamente. Quem dúvida dessa
origem UNDERGROUND do iluminismo francês pode tirar a prova consultando o livro
abaixo:
Para que os leitores tenham uma idéia da
contribuição de Darnton a história da fofoca, reproduzo aqui um trecho de outro
livro seu, Os dentes falsos de George Washington:
".....Como se ficava sabendo das notícias em Paris
por volta de 1750? Para descobrir o que estava acontecendo, ia-se à Árvore de
Cracóvia, um grande e frondoso castanheiro que se erguia no coração de Paris,
nos jardins do Palais-Royal (...)
Como um poderoso imã, a árvore atraía nouvellistes
de bouche, ou boateiros, que espalhavam de boca em boca informações sobre
eventos correntes. Eles alegavam saber, de fontes privadas, o que realmente
estava acontecendo nos corredores do poder, e os ocupantes do poder os levavam
a sério, porque o governo se preocupava com o que os parisienses estavam
dizendo. Diplomatas estrangeiros supostamente enviavam agentes para colher
notícias, ou plantá-las, junto à Árvore de Cracóvia..... " (DARNTON, 2003: P.41-42)
Para encerrar essa homenagem, fica aqui um vídeo
da passagem recente de Darnton pelo BraSIL!