Pra variar, começo este post pedindo desculpa aos leitores pela ausência de posts nas últimas semanas! Digamos que eu ando meio ocupado tentando fazer a revolução, ou alguma coisa parecida com isso (???). Hoje me proponho a fazer aqui o que chamarei de interpretação cínica da Modernidade! Sintam-se livres para discordar, mas não deixem de ler até o final!
A maioria dos leitores que é envolvido com ciências humanas ou coisas desse tipinho sabe que a palavra MODERNIDADE é comum no vocabulário da galera que mexe com essa área. Essa galera também sabe que MODERNIDADE deve ser a palavra que mais vende livros no ramo! Digo isso porque modernidade é quase como um “conceito-mãe”, que pariu vários outros conceitos serelepes como “pós-modernidade”, “hipermodernidade”, ou “modernidade liquida”.
Os leitores podem achar estranho, mas a real, é que até metade do século XX a maioria dos sociólogos, lingüistas, historiadores e filósofos tava cagando e andando pra modernidade. Acontece que depois da segunda guerra mundial um conjunto de fatores que vai desde o holocausto, até o movimento feminista, passando pela descolonização da África e pela passagem do cometa Harley, fez um bando de intelectuais (que não tinham mais o que fazer) começar a dizer que já tínhamos passado a época moderna e estávamos entrando numa época PÓS-MODERNA!
A partir daí, todos os jovens que viviam o clima intelectual daquela época começaram a discutir se estávamos entrando numa era PÓS-MODERNA ou se ainda estávamos na era MODERNA. Sem falar que isso fez boa parte da galera (que nunca tinha parado pra pensar o que era MODERNIDADE) publicar livros explicando a origem da MODERNIDADE! A questão é que isso deu origem a maior guerra de publicações do século XX, uma vez que autores de várias partes do mundo quiseram pegar a sua fatia do bolo. Logo, surgiram muitas publicações estuprando a palavra MODERNIDADE das mais variadas formas! Tudo isso com a desculpa filantrópica de que precisávamos entender esse novo tempo que surgira, banhado a sexo, drogas, hippies, internet e armas de destruição em massa!
Logo, segue aqui uma lista com os 10 autores que mais se aproveitaram do termo MODERNIDADE para vender livros! (se você acha que faltou alguém, é porque realmente muita gente se aproveitou pra lucrar com a Modernidade, e nem um top 20 daria conta!)
10. Lyotard, o primeiro!
O francês Jean François Lyotard pode ser considerado o cara que tacou a merda no ventilador no final dos anos setenta e começou essa porra toda! Lyotard lançou “A Condição Pós-moderna”, pra desespero de todos os comunistas da época. Além de dizer que estávamos em uma época pós-moderna, o francês decretou a morte das grandes narrativas e das explicações universais!
9. A primeira reação Marxista, Marshall Berman
Incomodado com a moda Pós-moderna no início dos anos oitenta, esse marxista oriundo do Bronx foi provavelmente o primeiro a publicar alguma coisa decente tentando explicar a MODERNIDADE! Vale lembrar que esse é o único livro do Berman que fez sucesso ao redor do mundo!
O último arauto da escola de Frankfurt, Jürgen Habermas, não resistiu a popularização da pós-modernidade e também reagiu. Além de brigar um monte com o Michel Foucault e com o Jacques Derrida, Habermas também tentou explicar as origens da MODERNIDAE! Não digo que foi uma reação marxista pois o Habermas é considerado o menos marxista da escola de Frankfurt!
7. A segunda reação Marxista, David Harvey
O geógrafo David Harvey (que ta mais pra economista do que pra geógrafo) foi o segundo marxista a tentar rebater a pós-modernidade! Além de xingar um monte o Derrida e o Lyotard, nesse livro clássico ele afirma que a pós-modernidade nada mais é do que o estágio mais avançado do capitalismo!
6. Bauman, a modernidade líquida
O sociólogo bom moço Zygmunt Bauman provavelmente é um dos caras que mais lucrou com essa discussão toda. Mas ele merece! Ele foi o mais criativo de todos! Ao invés de ficar discutindo MODERNIDADE ou PÓS-MODERNIDADE o cara inventou algo novo: MODERNIDADE LIQUIDA! A partir daí ele publicou vários livros falando de “modernidade líquida”, “medo líquido”, “amor líquido”. Convenhamos, o cara foi criativo!
5. Giddens, a modernidade reflexiva
O arauto da terceira-via Anthony Giddens não resistiu e também se meteu nesse debate! Ele junto com uma galerinha da Escola Econômica de Londres inventou a idéia de Modernidade Reflexiva. Em suma ele quis dizer que vivemos hoje numa MODERNIDADE mais consciente das merdas que faz! Vale lembrar que Giddens é um dos poucos intelectuais nomeado LORD pela rainha mãe!
4. Canclini e a Modernidade Hibrida
O debate sobre a modernidade e a pós-modernidade também gerou efeitos na América do Sul. Depois de uma galera falar que a América Latina era um exemplo das misturas e hibridismos pós-modernos, o argentino Nestor Garcia Canclini tentou explicar essa porra toda! O cara é tão bom que lançou um livro explicando como entrar e sair da modernidade!
3. Maffesoli e a modernidade vagabunda!
O sociólogo francês Michel Maffesoli foi um dos caras que mais curtiu a idéia de pós-modernidade! Só pra ter uma idéia, no livro aí de cima o cara fala em “vagabundagens pós modernas”! Maffesoli diz que vivemos uma “subversão pós moderna” com direito ao retorno do tribalismo, do tio Dionísio, do trágico e dos êxtases coletivos!
2. Lipovtesky e a hipermodernidade!
Ninguém esperava que Lipovtesky fosse se tornar um filósofo reconhecido mundialmente, visto que ele é professor em uma pequena universidade no sul da França! Mas ele foi criativo e foi o primeiro a tentar filosofar sobre o mundo da moda (ver Império do Efêmero)! Recentemente também resolveu lucrar em cima do debate sobre a pós-modernidade! Ele não só negou esta como disse que vivemos na hipermodernidade!
1.Latour, nós nunca fomos modernos
Quando todo mundo já estava cansado de debater se estávamos vivendo a modernidade ou a pós-modernidade, o antropólogo francês Bruno Latour chutou o pau da barraca e disse que nós nunca fomos modernos! O cara é tão didático que nesse livro ele explica com desenhos como a modernidade foi construída ideologicamente (eu não achei nenhum desenho na net, se não eu colocava aqui)! Por toda essa audácia (e pelos desenhos) ele merece o nosso primeiro lugar!