domingo, 25 de setembro de 2011

TOP 10: Modernidade e Enrolação!


Pra variar, começo este post pedindo desculpa aos leitores pela ausência de posts nas últimas semanas! Digamos que eu ando meio ocupado tentando fazer a revolução, ou alguma coisa parecida com isso (???). Hoje me proponho a fazer aqui o que chamarei de interpretação cínica da Modernidade! Sintam-se livres para discordar, mas não deixem de ler até o final!

A maioria dos leitores que é envolvido com ciências humanas ou coisas desse tipinho sabe que a palavra MODERNIDADE é comum no vocabulário da galera que mexe com essa área. Essa galera também sabe que MODERNIDADE deve ser a palavra que mais vende livros no ramo! Digo isso porque modernidade é quase como um “conceito-mãe”, que pariu vários outros conceitos serelepes como “pós-modernidade”, “hipermodernidade”, ou “modernidade liquida”.

Os leitores podem achar estranho, mas a real, é que até metade do século XX a maioria dos sociólogos, lingüistas, historiadores e filósofos tava cagando e andando pra modernidade. Acontece que depois da segunda guerra mundial um conjunto de fatores que vai desde o holocausto, até o movimento feminista, passando pela descolonização da África e pela passagem do cometa Harley, fez um bando de intelectuais (que não tinham mais o que fazer) começar a dizer que já tínhamos passado a época moderna e estávamos entrando numa época PÓS-MODERNA!

A partir daí, todos os jovens que viviam o clima intelectual daquela época começaram a discutir se estávamos entrando numa era PÓS-MODERNA ou se ainda estávamos na era MODERNA. Sem falar que isso fez boa parte da galera (que nunca tinha parado pra pensar o que era MODERNIDADE) publicar livros explicando a origem da MODERNIDADE! A questão é que isso deu origem a maior guerra de publicações do século XX, uma vez que autores de várias partes do mundo quiseram pegar a sua fatia do bolo. Logo, surgiram muitas publicações estuprando a palavra MODERNIDADE das mais variadas formas! Tudo isso com a desculpa filantrópica de que precisávamos entender esse novo tempo que surgira, banhado a sexo, drogas, hippies, internet e armas de destruição em massa!

Logo, segue aqui uma lista com os 10 autores que mais se aproveitaram do termo MODERNIDADE para vender livros! (se você acha que faltou alguém, é porque realmente muita gente se aproveitou pra lucrar com a Modernidade, e nem um top 20 daria conta!)



10. Lyotard, o primeiro!

O francês Jean François Lyotard pode ser considerado o cara que tacou a merda no ventilador no final dos anos setenta e começou essa porra toda! Lyotard lançou “A Condição Pós-moderna”, pra desespero de todos os comunistas da época. Além de dizer que estávamos em uma época pós-moderna, o francês decretou a morte das grandes narrativas e das explicações universais!



9.  A primeira reação Marxista, Marshall Berman

Incomodado com a moda Pós-moderna no início dos anos oitenta, esse marxista oriundo do Bronx foi provavelmente o primeiro a publicar alguma coisa decente tentando explicar a MODERNIDADE! Vale lembrar que esse é o único livro do Berman que fez sucesso ao redor do mundo!

 


8. A reação da escola de Frankfurt, Habermas

O último arauto da escola de Frankfurt, Jürgen Habermas, não resistiu a popularização da pós-modernidade e também reagiu. Além de brigar um monte com o Michel Foucault e com o Jacques Derrida, Habermas também tentou explicar as origens da MODERNIDAE! Não digo que foi uma reação marxista pois o Habermas é considerado o menos marxista da escola de Frankfurt!




7.  A segunda reação Marxista, David Harvey

O geógrafo David Harvey (que ta mais pra economista do que pra geógrafo) foi o segundo marxista a tentar rebater a pós-modernidade! Além de xingar um monte o Derrida e o Lyotard, nesse livro clássico ele afirma que a pós-modernidade nada mais é do que o estágio mais avançado do capitalismo!



6. Bauman, a modernidade líquida

O sociólogo bom moço Zygmunt Bauman provavelmente é um dos caras que mais lucrou com essa discussão toda. Mas ele merece! Ele foi o mais criativo de todos!  Ao invés de ficar discutindo MODERNIDADE ou PÓS-MODERNIDADE o cara inventou algo novo: MODERNIDADE LIQUIDA! A partir daí ele publicou vários livros falando de “modernidade líquida”, “medo líquido”, “amor líquido”. Convenhamos, o cara foi criativo!




5. Giddens, a modernidade reflexiva

O arauto da terceira-via Anthony Giddens não resistiu e também se meteu nesse debate! Ele junto com uma galerinha da Escola Econômica de Londres inventou a idéia de Modernidade Reflexiva. Em suma ele quis dizer que vivemos hoje numa MODERNIDADE mais consciente das merdas que faz! Vale lembrar que Giddens é um dos poucos intelectuais nomeado LORD pela rainha mãe!



4. Canclini e a Modernidade Hibrida

O debate sobre a modernidade e a pós-modernidade também gerou efeitos na América do Sul. Depois de uma galera falar que a América Latina era um exemplo das misturas e hibridismos pós-modernos, o argentino Nestor Garcia Canclini tentou explicar essa porra toda! O cara é tão bom que lançou um livro explicando como entrar e sair da modernidade!




3. Maffesoli e a modernidade vagabunda!

O sociólogo francês Michel Maffesoli foi um dos caras que mais curtiu a idéia de pós-modernidade! Só pra ter uma idéia, no livro aí de cima o cara fala em “vagabundagens pós modernas”! Maffesoli diz que vivemos uma “subversão pós moderna” com direito ao retorno do tribalismo, do tio Dionísio, do trágico e dos êxtases coletivos!




2. Lipovtesky e a hipermodernidade!

Ninguém esperava que Lipovtesky fosse se tornar um filósofo reconhecido mundialmente, visto que ele é professor em uma pequena universidade no sul da França! Mas ele foi criativo e foi o primeiro a tentar filosofar sobre o mundo da moda (ver Império do Efêmero)! Recentemente também resolveu lucrar em cima do debate sobre a pós-modernidade! Ele não só negou esta como disse que vivemos na hipermodernidade!




1.Latour, nós nunca fomos modernos

Quando todo mundo já estava cansado de debater se estávamos vivendo a modernidade ou a pós-modernidade, o antropólogo francês Bruno Latour chutou o pau da barraca e disse que nós nunca fomos modernos! O cara é tão didático que nesse livro ele explica com desenhos como a modernidade foi construída ideologicamente (eu não achei nenhum desenho na net, se não eu colocava aqui)! Por toda essa audácia (e pelos desenhos) ele merece o nosso primeiro lugar!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

TOP 5: Presentes para o NATAL!!



Para variar, faz algum tempo que não posto aqui no blog! Peço desculpas aos leitores, mas parafraseando um professor meu “essa vida de cobaia da CAPES” não é fácil!!!

Mas enfim, os últimos meses andam tão puxados que eu já estou pensando no Natal! Sim, o nascimento de Jesus aqui não tem a mínima importância, muito menos o fato de ser um feriado quase mundial! Estou pensando no Natal, pois como todo rato de livraria, já estou de olho nas obras primas que eu pretendo ler nesse verão!!! E o Natal é uma ótima desculpa para extorquir as pessoas próximas a me darem presentes (quem nunca fez isso atire a primeira pedra, ok?)

Como eu freqüento livrarias com freqüência estou relativamente atualizado nas novidades do mercado editorial. Por justa causa estou colocando hoje, aqui, uma pequena lista com novidades intelectuais que chegaram as livrarias brasileiras nesse ano de 2011. Algumas dessas obras já estão no mercado internacional faz uns 5 ou 6 anos, mas só foram traduzidas para o português agora. Logo, são uma ótima pedida para os leitores que querem se manter atualizados nos grandes debates do mundo intelectual internacional.

Sendo bem franco, eu não sei se essas minha recomendações vão surtir efeito. Já que o Natal, aqui no Brasil, caí bem no verão. Isso significa que uma boa parcela dos jovens intelectuais universitários vai estar ocupado na praia, usando drogas ou fornicando, e provavelmente o único livro que vai pegar em mãos vai ser um do Harry Potter (atire a primeira pedra quem acha que eu estou errado, ok?)

Enfim, aqui vai a lista, e sério, quem puder compre o primeiro lugar, é muito bom!






5. A estranha derrota

Esse livro foi feito com base em manuscritos perdidos/encontrados do falecido historiador Marc Bloch. São textos que ele escreveu enquanto assistia ao vivo os nazistas dominarem Paris. Em resumo, o cara tenta explicar (dar uma desculpa) porque a França se rendeu aos nazistas na Segunda Guerra. Vale lembrar que já fazem 60 anos que os franceses estão tentando explicar isso, pra tentar se livrar da fama de “povo que se ajoelhou pros alemães”.




4.O Reino e a Glória

Depois de falar que os campos de concentração estão em todos os lugares desde que a modernidade começou, e que eu e você moramos em um campo de concentração, Giorgio Agamben vai até a Idade Média para explicar porque somos vidrados em relacionar PODER com GLÓRIA, e como isso ta relacionado ao cristianismo. Na minha humilde opinião acho que alguém tem que usar esse livro para explicar o populismo na América Latina, ta aí uma ótima tese de doutorado (alguém aí aproveita a deixa).

 


3. Primeiro como tragédia, depois como farsa

A frase é de Marx, mas Slavoj Zizek se apropria dela para explicar a crise financeira de 2008. Zizek começa falando que já tava na cara que essa crise já ia acontecer desde o ano 2000. E como ele adora psicanálise ele vai falando que a crise não surpreendeu as pessoas, mas as pessoas se deixaram surpreender e.... enfim ele faz uma grande divagação misturando psicanálise, economia e Marx.

 


2. Notas sobre o Anarquismo

Noam Chomsky é provavelmente o anarquista mais pop do mundo intelectual contemporâneo. Esse livro é uma junção de textos, entrevistas, palestras, e várias coisas que o cara falou sobre Anarquismo. É interessante que no livro ele explica muito bem que ele nunca se denominou como anarquista, e sim como socialista libertário (os anarcos têm tanta simpatia por ele que pensam que ele é anarcosindicalista)



1. O livro negro da Psicanálise

A editora francesa Catheryne Meyer juntou um bando de filósofos, psiquiatras, neurologistas e até historiadores para travar uma guerra contra a psicanálise, que está publicada nos textos desse livro! Lançado em 2005 na França, não preciso dizer que a polêmica que ele fez não foi pouca! Em resumo o livro diz o seguinte: Freud era mentiroso, Lacan era charlatão e a psicanálise é filosofia trajada de medicina. O livro começa com uma estatística bem interessante: os dois países do mundo onde a Psicanálise reina absoluta são a Argentina e a França (curiosamente, dois dos povos mais egocêntricos do planeta!)