sábado, 13 de outubro de 2012

Hobsbawm e a fofoca!





Não sei se os leitores lembram mas final do ano passado fiz um top 10 dinossauros:  http://teoriadafofoca.blogspot.com.br/2011/12/top-10-dinossauros.html Como era de se esparar o cara que ficou em primeiro nessa lista morreu recentemente. À saber, Eric Hobsbawm.

Por isso mesmo o post de hoje é uma homenagem (um pouco atrasada) à esse historiador que se manteve fiel ao comunismo até os últimos dias de sua vida.

Hobsbawm ficou tão famoso escrevendo sobre a revolução industrial, capitalismo e a classe trabalhadora que pouca gente lembra que ele escreveu um livro de fofocas acadêmicas. Na verdade é uma coletânea de ensaios sobre teoria da história e historiografia (que para leigos, pode ser entendido simplesmente por fofoca acadêmica). Segue abaixo uma foto do livro:





Abaixo seguem algumas citações retiradas dessa coletânea de ensaios que eu acho memoráveis. Vale a pena dar uma olhada nelas. Só para lembrar, Hobsbawn nasceu em 1917 e morreu início desse mês....


Hobsbawm sobre os Annales

“Acho que Peter Burke exagera um pouco o atraso na recepção dos Annales e dos principais historiadores franceses na Inglaterra. Imagino que alguns de nós, pelo menos em Cambridge, líamos os Annales já nos anos 30. Além do mais, quando Marc Bloch veio e conversou conosco em Cambridge, foi-nos apresentado como o maior medievalista vivo, a meu ver, com toda justiça.” (página.194)

Hobsbawm sobre a pós-modernidade

"A história como ficção, contudo, recebeu um reforço acadêmico de uma esfera inesperada: o crescente ceticismo concernente ao projeto iluminista da racionalidade. A moda do que é conhecido pelo vago termo “pós-modernismo”, felizmente não ganhou tanto terreno entre os historiadores quanto entre teóricos da literatura e antropólogos sociais, mas é relevante à questão em pauta, já que lança dúvida sobre a distinção entre fato e ficção ."(página.286)

"Não é por acaso que essas concepções atraíram particularmente aqueles que se vêem como representantes de coletividades ou ambientes marginalizados pela cultura hegemônica de algum grupo cuja pretensão de superioridade contestam. Mas isso está errado. É essencial que os historiadores defendam o fundamento de sua disciplina: a supremacia da evidência." (página.286)

Hobsbawm sobre a história do presente

"Quando digo a meus alunos nos Estados Unidos que consigo me lembrar do dia em Berlim em que Hitler se tornou chanceler da Alemanha, olham para mim como se tivesse dito que estava presente no Teatro Ford quando o presidente Lincoln foi assassiado em 1865. Ambos os eventos são igualmente pré-históricos para eles. Mas para mim 30 de janeiro de 1933 é parte do passado que ainda é parte de meu presente." (página.245)



Eu ia encerrar esse post dizendo para Hobsbawm descansar em paz. Mas como ele era um judeu, comunista, ateu, vou apenas fazer silêncio....