segunda-feira, 11 de junho de 2012

TOP 10 - CASAIS INTELECTUAIS





SIM! Esse post é uma homenagem ao dia dos namorados, obviamente! Tenho que admitir que deu trabalho pensar em 10 casais para por aqui! Sem falar nas fotos! Só para dar um exemplo, não pude colocar o Jacques Derrida nessa lista porque não achei nenhuma foto dele com a ex-mulher, a psicanalista Sylviana Agacinsk. 

Enfim, vamos à lista, que ela é longa.....    



10. O casal do existencialismo





Provavelmente as viúvas do Sartre vão reclamar que não coloquei o casal em primeiro! Mas como nesse blog privilegiamos os babados e bafões mais atuais, achei suficiente deixar esse casal clássico em décimo lugar! Na verdade acho que não preciso falar muito sobre eles de tão famosos que são. Mas queria compartilhar uma coisa que descobri faz pouco tempo. Pierre Bourdieu. em uma das suas cutucadas clássicas nas feministas, disse uma vez que Simone de Beauvoir, apesar de todo seu sucesso como feminsita, jamais conseguiu se emancipar intelectualmente de  Jean Paul SARTRE. 



9. Carne e Pedra




Na nona posição temos um casal de sociólogos! Richard Sennet e Saskia Sassen. Para quem não entendeu  o trocadilho ali em cima, CARNE E PEDRA é um dos livros mais famosos de SENNET. Para se ter uma idéia do sucesso dos dois pombinhos, o casal figurou entre os 20 sociólogos mais citados nos EUA na últimas década. A fonte é doRelative Ranking of a Selected Pool of Leading Scholars in the Social Sciences by Number of Citations in the Social Science Citation Index, 2000-2009. PDF.



8. Stuart Hall e Catherine Hall




Stuart Hall é famoso hoje em dia como grande teórico dos estudos culturais, e quase ninguém lembra que ele era uma marxista da turma no Raymond Williams la nos anos 60. A esposa dele é a historiadora feminista Catherine Hall, famosa pelos estudos sobre o império britânico no século XIX. O que dizer? Não é todo dia que vemos um casa de acadêmicos na praia. 



7. Louís Althusser e Helene Rytmann





O filósofo marxista Louís Althusser e sua mulher, a militante trotskysta judia Helene Rytmann, são um um caso bem polêmico dentro da academia. Althusser fez sucesso misturando o estruturalismo francês com psicanálise e marxismo nas décadas de 1960 e 1970. Sua paixão pela teoria revoltava muitos militantes que viam ele como mais um filósofo que tava cagando para a práxis (o que não deixa de ser verdade). Nos anos 1980 quando o estruturalismo já não era mais a moda do momento na França,  a loucura tomou conta de Althusser e ele estrangulou sua mulher sem ter consciência do que estava fazendo. Coloco esse caso aqui para lembrar que nem tudo na academia acaba bem, principalmente os relacionamentos amorosos.



6. Deleuze E Guattari




NÃO!!! Não foi comprovado até hoje que Gilles Deleuze e Félix Guattari tiveram um caso amoroso. Mas convenhamos, essa foto faz pensar!!!! Sem falar que os dois foram umas das parcerias editoriais mais lucrativas do século XX. Suas obras escritas em parceria, ANTI-ÉDIPO e 1000 PLATOS, venderam horrores e criaram uma legião de seguidores ao redor do mundo. Não tenho uma idéia dos números, mas acho que dentro da academia, nenhuma dupla homem/mulher vendeu tanto quanto esses dois.



5. Chantal Mouffe e Ernesto Laclau






Eis aqui uma dupla de cientistas políticos bem famosa na Europa e nos EUA, mas não muito no Brasil. Desde os anos 1980 os dois chamaram atenção no cenário internacional com algumas teorias políticas  marcadas pela mistura intensa de Marxismo e Pós-modernismo. Os dois não são casados, mas a proximidade dos dois leva muita gente a pensar que eles tem ou tiveram um caso.



4. Slavoj Zizek e Analia Hounie





Eis aqui um casal que não é exatamente intelectual. Slavoj Zizek, o atual guru do marxismo ocidental, junto com a modelo argentina Analia Hounie. Não lembro agora a diferença de idade entre eles, mas deve ser relativamente grande. Porque colocar os dois nessa lista? Para lembrar que você pode ser um rockstar do marxismo ocidental e ainda levar uma vida  relativamente normal com uma namorada top model bonitinha que teria idade para ser sua filha (estou sendo sarcastico, ok?).




3. Susan Sontag e Phillip Rieff





Não é segredo para ningúem que a filósofa/critica de arte/escritora Susan Sontag gostava de colar aranhas.  Mas pouca gente lembra que ela teve um marido e pariu uma criança até. Seu único marido, Phillip Rieff era um sociólogo metido a psicanalista. Para se ter uma idéia da coisa, o sociólogo alemão Herbert Marcuse viveu um ano com o casal, enquanto escrevia seu ensaio psicanálitico EROS e CIVILIZAÇÃO. Aparentemente MARCUSE e RIEFF trocavam figurinhas sobre a psicanálise. Mas fica aqui a dúvida: nesse um ano em que SONTAG, MARCUSE e RIEFF viveram juntos rolou mènage??? Quem sabe?




2. Heidegger e Arendt





Eis aqui um casal polêmico! Hannah Arendt graduanda em filosofia, e Martin Heidegger, seu professor. Apesar dele ser casado, os dois tiveram um envolvimento no melhor estilo professor/aluna. Como se isso já não fosse o bastante polêmico, a 2 Guerra deixou a coisa mais fogosa (liralmente). Arendt era judia e teve que sair correndo da Alemanha. Heidegger teve um envolvimento misterioso com o Nazismo, e muita gente tenta explicar até hoje se esse envolvimento foi covardia ou estupidez ou uma mistura dos dois. A guerra levou Arendt para os EUA e ela nunca mais voltou para a Alemanha. Os 2 continuaram mandando cartas um para o outro,  mesmo com uma oceano entre eles.



1. Zygmunt Bauman e Janina Bauman




Essa primeira posição é uma espécie de homenagem. Acho que todo mundo já deve ter ouvido falar do sociólogo Zygmynt Baumann e seus livros sobre Modernidade LIQUIDA. A escritora JANINA era sua esposa, morreu agora a pouco em 2009. Na minha opinião, a história dos 2 é a mais bonitinha de todas aqui. Ambos são/eram judeus. Ela sobreviveu aos campos de concentração. Ele, fugiu da Polônia para a Rússia, onde integrou as fileiras do exército na luta contra os nazis. Vale lembrar que Zygmunt tem  87 anos, e ela devia ter mais ou menos essa idade também. Não sei exatamente quanto tempo eles foram casados mas devem ter completado as bodas de ouro, visto que o neto deles já tem 40 anos. Reparem nessa foto que os 2 estão fumando...... o que é um pouco de nicotina para um casal que sobreviveu ao holocausto, né?


FELIZ DIA DOS NAMORADOS  o/



sábado, 2 de junho de 2012

O MELHOR LIVRO DE FOFOCAS DO ANO






O ano de 2012 está praticamente na metade, mas acho que dificilmente algum livro que sair vai superar o último lançamento de Perry Anderson (estou me restringindo ao ramo das fofocas acadêmicas, obviamente).
Como eu tive que comprar outros livros, ainda não arranjei dinheiro para comprar essa obra. Mas já li a maior parte dela em 5 ou 6 vezes que estive na livraria aqui perto de casa. E alguns amigos meus já devem estar cansados de me ouvir falar dela....
Você deve estar se perguntando o que diabos esse livro publicado por uma editora comunistinha (BOITEMPO) tem de especial. Então vamos do começo….
Perry Anderson é historiador de formação. Um dos colaboradores mais antigos do periódico de esquerda britânico New Left Review. Para quem não se lembra a New Left Review é uma espécie de TALMUD do marxismo ocidental que teve entre seus fundadores Edward Thompson, Stuart Hall e o próprio Anderson lá na década de 1960.



P. ANDERSON na foto


Não vou falar mais da biografia de Anderson porque quero ir direto a porra do LIvro do ANo, ESPECTRO. Vou ser bem didático e explicar em 3 pontos porque ele é o livro do ano:
1. Ele analisa grandes intelectuais do século XX que fizeram sucesso no DIREITO, na FILOSOFIA, na ECONOMIA, na LITERATURA e na HISTÓRIA.
2. Ele analisa grandes intelectuais de várias partes do mundo, MENOS DA FRANÇA.
3. O LIVRO É DIVIDO ENTRE INTELECTUAIS DE DIREITA, CENTRO E ESQUERDA.
O livro fala de muita gente famosa. Mas vou me restringir apenas aos MAIS FAMOSOS aqui, para ser mais rápido. Seguirei a ordem do livro, que começa na direita, passa pelo centro, e chega na esquerda:
DIREITA
CARL SCHIMIT, o grande teórico do Estado de Exceção (ditadura, a grosso modo)
FRIEDERICH VON HAYEK, teórico do neoliberalismo, prêmio nobel de economia e economista favorito da Margareth Tatcher
LEO STRAUSS, professor de filosofia política que formou boa parte dos neo conservadores dos EUA.
Ao invés de simplesmente xingar a direita ANDERSON faz um belo exercício antropológico de compreensão de seus valores. Trata-se daquela direita OLD SCHOOL, que vive pelos seus valores e pela sua moral. Homens que achavam que as elites politicas tinham a responsabilidade de conduzir moralmente as massas incultas através da democracia. Mas não muita democracia, porque o excesso de liberdade corrói a tradição e também o ESTADO.
A contemplação de Anderson te faz perguntar até que ponto ele é um escritor de esquerda. Mas no final dessa parte Anderson deixa o desafio da esquerda bem claro. Os intelectuais universitários podem continuar lendo seus autores da centro-esquerda liberal. Mas nas altas chancelarias FRIEDERICH HAYEK continua a ser a principal referência.




HAYEK, o favorito de Margareth Tatcher

CENTRO
Jurgen Habermas: Ultimo grande arauto da Escola de Frankfurt, elaborou toda uma teoria da democracia como um grande consenso feito com muito diálogo.
John Rawls: Filósofo Liberal. Favorito do direito nos EUA. Seu livro “Teoria da Justiça” é uma espécie de Bíblia do direito Norte-Americano.
Norberto Bobbio: O italiano que mais teorizou sobre a democracia no século XX
Aqui Perry Anderson descarrega toda a sua fúria. Nessa parte só falta ele dizer que é por causa da democracia liberal que esse mundo ta a merda que tá. Então ele mostra como esses grandes teóricos da democracia liberal tem sua culpa no cartório. Habermas, herdeiro de Theodor Adorno, traiu a Escola de Frankfurt e virou um paga pau dos EUA. Ele acredita que se dialogarmos mais tudo vai se resolver. John Rawls elaborou uma teoria da justiça tão altista que parece mais uma teoria da injustiça. Norberto Bobbio foi o que mais oscilou entre a esquerda e o centro, mas no final, acabou no centro.
Todos os 3 elaboraram grandes teorias sobre o funcionamento de uma democracia. Mas na prática, não passaram de teorias…




Habermas, o judas da Escola de Frankfurt se confessando para o Papa Bento 16???



ESQUERDA.
Eric Hobsbawn: Historiador marxista, companheiro de Anderson na New LEFT. Anderson diz que Hobsbawn escreve muito bem, mas tira ele para esquerda moderada. (Isso me lembrou um professor meu que dizia que dos historiadores da Nova Esquerda, Hobsbawn era o mais vendido para as grandes editoras)
Gabriel Gárcia Marquez: Escritor colombiano, acho que Anderson só colocou ele no livro pra dizer que falou de um latino-americano

Edwart Thompson: Outro historiador companheiro de Anderson da NEW LEFT…..
……ok para finalizar, eu preciso dizer. O texto sobre Thompson é, no mínimo, o mais emocionante do livro. O texto é curto, mas trata-se da homenagem que Anderson escreveu na ocasião da morte de Thompson no início dos anos 1990. Anderson ressalta que analisar a vida intellectual de Thompson é uma tarefa difícil. Quando tinha que se comportar como um professor universitário de história, ele se comportava como um típico militante marxista. Quando tinha que se comportar como um militante marxista……. comportava-se como um anarquista, revolto, polêmico, que ninguém podia controlar. 


Thompson não pensou duas vezes antes de largar as atividades acadêmicas para se lançar em uma cruzada pelo fim da Guerra fria nos anos 80. Cruzada em que investiu boa parte do que ganhou com o sucesso de seus livros, sendo que morreu doente e sem muito dinheiro em 1993. Um exemplo raro de um acadêmico de sucesso, que vivia mais para a política do que para a academia….

Da direita para a esquerda, passando pelo centro, é assim que caminha o livro de Perry Anderson. A verdadeira direita presa pelos seus valores, não faz questão de se esconder. Difícil é separar o centro da esquerda. A separação que Anderson fez talvez não seja a melhor. Mas as análises que faz certamente compensam a leitura do livro.