Hoje eu resolvi postar aqui a
melhor piada intelectual que eu ouvi nesse semestre. Na verdade são 2 piadas! A
primeira parte quem elaborou foram os franceses Luc Ferry e Alain Renault no
livro “pensamento de 68”. A segunda
parte é uma adaptação brasileira da piada feita por PESQUISADORES do IUPERJ e
foi extraída do livro “teoria social realista”, de Fréderic Vanderberghe (um
livro excelente, digasse de passagem)
Reparem, acima de tudo, o
quanto essa piada reflete o meio intelectual europeu e o brasileiro,
independente das fronteiras departamentais. E leiam até o final, porque a do
PETERS é a melhor.
Luc Ferry e Alain Renaut :
Um francês, um inglês e um
alemão receberam a incumbência de fazer um estudo sobre o camelo.
O francês foi ao Jardim
Botânico, lá passou meia hora, fez perguntas ao guarda, jogou pão para o
camelo, cutucou o bicho com a ponta do guarda-chuva e, de volta à casa,
escreveu para seu jornal um folhetim cheio de piadas e ditos picantes.
O inglês, levando a cesta do
chá e um confortável material de acampamento, foi montar sua tenda nos países
do Oriente, de onde trouxe, depois de uma estada de dois ou três anos, um
enorme livro cheio de fatos sem cronologia nem conclusão, mas de inegável valor
documental
Quanto ao alemão, com supremo
desprezo diante da frivolidade do francês e da falta de idéias gerais do
inglês, fechou-se em seu quarto para redigir uma obra em vários volumes
intitulada: Ideia do camelo tirado do conceito do eu.
Adalberto Cardoso – pesquisador IUPERJ
O brasileiro esperaria as
reflexões do alemão ou do francês (os anglo-saxões não criam), então usaria
as categorias de um ou de outro para analisar o jegue como se ele fosse um
camelo, concluindo que jegues são seres muito complexos e multidimensionais,
quase como camelos, e que, portanto, a camelagem ou camelidade é múltipla. E
isso sem jamais se perguntar se o camelo existe realmente.
Gláuco Dillon Soares – pesquisador IUPERJ
Um pesquisador brasileiro
entra na Internet; verifica onde há camelos; acidentalmente, descobre que
também existem dromedários, escreve um projeto sobre o racismo de duas
corcovas, apresenta à CAPES, recebe o auxílio, vai para Paris, onde escreve um
relatório pós-moderno sem nunca ter visto um camelo ou um dromedário. (O relatório é aprovado pela CAPES)
Thamy Pogrebinschi – pesquisadora IUPERJ
O pesquisador brasileiro
vestiria uma bermuda, calçaria um par colorido de sandálias Havaianas, iria
para o boteco da esquina, pediria um chope bem gelado e começaria a batucar na
mesa um sambinah: “um camelo, ôôô, é um
pouquinho de Brasil, iaiaiá....”
Gabriel Peters – pesquisador IUPERJ
O pesquisador Fulano da
Silva, impressionou-se com a
sofisticação filosófica dos camelólogos germânicos, tão distante do empirismo
superficial anglo-saxão quanto da pseudoprofundidade afetada da filosofia
francesa. Fulano lamentou a falta de familiaridade dos pesquisadores
brasileiros com Kant e Hegel e, ao final de seu esforço exegético, publicou “a
teoria crítica do camelo”, obra em que apresentava fielmente as controvérsias
em torno do status ontológico de suas corcovas e das condições para a
emancipação camelina.
Beltrana de Souza julgava que
faltava aos alemães a vitalidade retórica, a imaginação heurística e a ousadia
dos franceses. Beltrana inaugura toda uma vertente de camelologia no Brasil com
a obra “A estrutura e a corcova: o descentramento do camelo no pensamento
frânces”.
Sicrano Pereira lamentava
profundamente que os estudos camelológicos tupiniquins não possuiam a clareza
retórica nem o gosto pelo trabalho empírico dos anglo-saxões, e permaneciam
atravancados pelas verborragias filosóficas dos alemães e franceses (Sicrano
nunca leu Derrida, mas imagina que o sujeito era um charlatão.) Sicrano
resolveu redigir a defesa de um “neoempirismo esclarecido”, e escreveu o livro
“você sabe o que está observando?”.
Para encerrar, Trajana
Ribeiro fica abismada com nosso parasitismo em relação à Europa e põe-se a
escrever “Camelos fora do lugar: o complexo de inferioridade intelectual
terceiro-mundista na camelologia”.
!!!!!!
O/
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