domingo, 11 de novembro de 2012

Os CAMELOS e os intelectuais no BRASIL






Hoje eu resolvi postar aqui a melhor piada intelectual que eu ouvi nesse semestre. Na verdade são 2 piadas! A primeira parte quem elaborou foram os franceses Luc Ferry e Alain Renault no livro “pensamento de 68”.  A segunda parte é uma adaptação brasileira da piada feita por PESQUISADORES do IUPERJ e foi extraída do livro “teoria social realista”, de Fréderic Vanderberghe (um livro excelente, digasse de passagem)

Reparem, acima de tudo, o quanto essa piada reflete o meio intelectual europeu e o brasileiro, independente das fronteiras departamentais. E leiam até o final, porque a do PETERS é a melhor.




Luc Ferry e Alain Renaut :

Um francês, um inglês e um alemão receberam a incumbência de fazer um estudo sobre o camelo.

O francês foi ao Jardim Botânico, lá passou meia hora, fez perguntas ao guarda, jogou pão para o camelo, cutucou o bicho com a ponta do guarda-chuva e, de volta à casa, escreveu para seu jornal um folhetim cheio de piadas e ditos picantes.

O inglês, levando a cesta do chá e um confortável material de acampamento, foi montar sua tenda nos países do Oriente, de onde trouxe, depois de uma estada de dois ou três anos, um enorme livro cheio de fatos sem cronologia nem conclusão, mas de inegável valor documental

Quanto ao alemão, com supremo desprezo diante da frivolidade do francês e da falta de idéias gerais do inglês, fechou-se em seu quarto para redigir uma obra em vários volumes intitulada: Ideia do camelo tirado do conceito do eu.





Adalberto Cardoso – pesquisador IUPERJ

O brasileiro esperaria as reflexões do alemão ou do francês (os  anglo-saxões  não criam), então usaria as categorias de um ou de outro para analisar o jegue como se ele fosse um camelo, concluindo que jegues são seres muito complexos e multidimensionais, quase como camelos, e que, portanto, a camelagem ou camelidade é múltipla. E isso sem jamais se perguntar se o camelo existe realmente.

Gláuco Dillon Soares – pesquisador IUPERJ

Um pesquisador brasileiro entra na Internet; verifica onde há camelos; acidentalmente, descobre que também existem dromedários, escreve um projeto sobre o racismo de duas corcovas, apresenta à CAPES, recebe o auxílio, vai para Paris, onde escreve um relatório pós-moderno sem nunca ter visto um camelo ou um dromedário.     (O relatório é aprovado pela CAPES)

Thamy Pogrebinschi – pesquisadora IUPERJ

O pesquisador brasileiro vestiria uma bermuda, calçaria um par colorido de sandálias Havaianas, iria para o boteco da esquina, pediria um chope bem gelado e começaria a batucar na mesa um sambinah: “um camelo, ôôô, é um  pouquinho de Brasil, iaiaiá....”

Gabriel Peters – pesquisador IUPERJ

O pesquisador Fulano da Silva, impressionou-se  com a sofisticação filosófica dos camelólogos germânicos, tão distante do empirismo superficial anglo-saxão quanto da pseudoprofundidade afetada da filosofia francesa. Fulano lamentou a falta de familiaridade dos pesquisadores brasileiros com Kant e Hegel e, ao final de seu esforço exegético, publicou “a teoria crítica do camelo”, obra em que apresentava fielmente as controvérsias em torno do status ontológico de suas corcovas e das condições para a emancipação camelina.

Beltrana de Souza julgava que faltava aos alemães a vitalidade retórica, a imaginação heurística e a ousadia dos franceses. Beltrana inaugura toda uma vertente de camelologia no Brasil com a obra “A estrutura e a corcova: o descentramento do camelo no pensamento frânces”.

Sicrano Pereira lamentava profundamente que os estudos camelológicos tupiniquins não possuiam a clareza retórica nem o gosto pelo trabalho empírico dos anglo-saxões, e permaneciam atravancados pelas verborragias filosóficas dos alemães e franceses (Sicrano nunca leu Derrida, mas imagina que o sujeito era um charlatão.) Sicrano resolveu redigir a defesa de um “neoempirismo esclarecido”, e escreveu o livro “você sabe o que está observando?”.

Para encerrar, Trajana Ribeiro fica abismada com nosso parasitismo em relação à Europa e põe-se a escrever “Camelos fora do lugar: o complexo de inferioridade intelectual terceiro-mundista na camelologia”. 


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O/



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