O dia dos namorados não podia passar despercebido no presente sítio virtual. Logo, vamos aproveitar a data especial para lembrar que nem só de intrigas e discórdia é feito o mundo intelectual. Por isso vai aqui uma homenagem aos dois casais, que provavelmente, são os mais famosos da filosofia ocidental.
O primeiro casal é uma prova de que manter um relacionamento aberto não é uma coisa tão nova assim, da mesma maneira que pode ser considerado uma coisa “Cult”. Para falar desse casal teremos que voltar aos anos do Pós-Guerra, quando o feminismo ainda estava nas suas primeiras ondas, e faltava pouco para o estruturalismo ser a moda do momento. Nesse período o existencialismo ainda era o canal! Logo, nada mais romântico e “Cult” do que uma das alavancas do feminismo manter um relacionamento (ou quase isso) com o grande pilar do existencialismo. Sim leitores, estamos falando do casal não monogâmico Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
ELA basicamente escreveu a primeira (e talvez única) bíblia do feminismo ocidental, “O segundo sexo”. ELE transitou entre a fenomenologia e o marxismo, mas ficou mais famoso pela sua grande empreitada teórica conhecida como Existencialismo. Aqueles que leram o diário dela comentam que apesar dela ser “a feminista” e o relacionamento do casal ser aberto, Sartre era um machista enciumado que detestava ver a companheira saindo com outros machos. Vale lembrar aqui o que diz no clássico História do Estruturalismo, de François Dosse! Quando o estruturalismo virou a moda nos anos sessenta, muitos diziam que Sartre não passava de um velho gagá e comunista que se recusava a enxergar os gulags da União Soviética.
O outro casal homenageado talvez seja mais polêmico. Alguns consideram uma falta de ética um professor manter um relacionamento com uma aluna ou vice-versa. Não precisamos mencionar aqui toda a putaria homoafetiva dos antigos gregos para lembrar que professor com aluno é uma prática tão antiga quanto à escola. Um exemplo era o professor de filosofia Martin Heidegger. Mesmo casado e com dois filhos, ele não resistiu aos encantos da sua aluna Hannah Arendt.
Os dois viveram um romance um tanto conturbado na Alemanha dos anos 30, pois Hannah era judia e teve que sair batido para não ser pega pela triagem megalomaníaca do Hitler. Apesar de tudo os dois continuaram se correspondendo via carta, tanto que essas correspondências deram origem a um livro e uma peça de teatro (eu ainda não vi nenhum dos dois).
Temos que admitir que esse casal de filósofos amantes é uma prova de que pessoas com interesses diferentes podem dar certo (pelo menos como amantes!). Heidegger é considerado um dos grandes pilares filosóficos da morte do sujeito moderno. Sem falar que ele ajudou a dar origem a toda uma horda de teóricos da morte do sujeito pós-estrutalistas, pós-modernos e pós-chatos. Uma horda de filhos intelectuais bastardos que vai desde Jacques Lacan até Jacques Derrida e Richard Rorty. Já Hannah Arendt voltou-se para alguns temas mais políticos como a Revolução e a Democracia. Sem falar que ela brigou com muita gente ao afirmar que o Nazismo e o Stalinismo eram praticamente iguais (Leiam as Origens do Totalitarismo).
Um feliz dia dos namorados para todos os leitores!
Ai que lindo, Rena! più bello, querido!
ResponderExcluiragora ta faltando um post com os solteiroes convictos mais hard cores da intelectualidade! to esperando, hein! WOO HOO! :D
Satre realmente deve ter sofrigo, visto que a Simone era radical pra caramba.
ResponderExcluirHanna e Heidegger são os pombinhos da intelectualidade conjugal. A História deles com certeza é muito emocionante. *-*
Vc esqueceu de dizer que o Heidegger era conivente com o nazismo, isso conta muito, visto ela ser judia.