domingo, 12 de junho de 2011

O dia dos namorados?

O dia dos namorados não podia passar despercebido no presente sítio virtual. Logo, vamos aproveitar a data especial para lembrar que nem só de intrigas e discórdia é feito o mundo intelectual.  Por isso vai aqui uma homenagem aos dois casais, que provavelmente, são os mais famosos da filosofia ocidental.



O primeiro casal é uma prova de que manter um relacionamento aberto não é uma coisa tão nova assim, da mesma maneira que pode ser considerado uma coisa “Cult”. Para falar desse casal teremos que voltar aos anos do Pós-Guerra, quando o feminismo ainda estava nas suas primeiras ondas, e faltava pouco para o estruturalismo ser a moda do momento. Nesse período o existencialismo ainda era o canal! Logo, nada mais romântico e “Cult” do que uma das alavancas do feminismo manter um relacionamento (ou quase isso) com o grande pilar do existencialismo. Sim leitores, estamos falando do casal não monogâmico Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
 

ELA basicamente escreveu a primeira (e talvez única) bíblia do feminismo ocidental, “O segundo sexo”. ELE transitou entre a fenomenologia e o marxismo, mas ficou mais famoso pela sua grande empreitada teórica conhecida como Existencialismo. Aqueles que leram o diário dela comentam que apesar dela ser “a feminista” e o relacionamento do casal ser aberto, Sartre era um machista enciumado que detestava ver a companheira saindo com outros machos. Vale lembrar aqui o que diz no clássico História do Estruturalismo, de François Dosse! Quando o estruturalismo virou a moda nos anos sessenta, muitos diziam que Sartre não passava de um velho gagá e comunista que se recusava a enxergar os gulags da União Soviética.



O outro casal homenageado talvez seja mais polêmico. Alguns consideram uma falta de ética um professor manter um relacionamento com uma aluna ou vice-versa. Não precisamos mencionar aqui toda a putaria homoafetiva dos antigos gregos para lembrar que professor com aluno é uma prática tão antiga quanto à escola. Um exemplo era o professor de filosofia Martin Heidegger. Mesmo casado e com dois filhos, ele não resistiu aos encantos da sua aluna Hannah Arendt.


Os dois viveram um romance um tanto conturbado na Alemanha dos anos 30, pois Hannah era judia e teve que sair batido para não ser pega pela triagem megalomaníaca do Hitler. Apesar de tudo os dois continuaram se correspondendo via carta, tanto que essas correspondências deram origem a um livro e uma peça de teatro (eu ainda não vi nenhum dos dois).

Temos que admitir que esse casal de filósofos amantes é uma prova de que pessoas com interesses diferentes podem dar certo (pelo menos como amantes!). Heidegger é considerado um dos grandes pilares filosóficos da morte do sujeito moderno. Sem falar que ele ajudou a dar origem a toda uma horda de teóricos da morte do sujeito pós-estrutalistas, pós-modernos e pós-chatos. Uma horda de filhos intelectuais bastardos que vai desde Jacques Lacan até Jacques Derrida e Richard Rorty. Já Hannah Arendt voltou-se para alguns temas mais políticos como a Revolução e a Democracia. Sem falar que ela brigou com muita gente ao afirmar que o Nazismo e o Stalinismo eram praticamente iguais (Leiam as Origens do Totalitarismo).



Um feliz dia dos namorados para todos os leitores!

2 comentários:

  1. Ai que lindo, Rena! più bello, querido!
    agora ta faltando um post com os solteiroes convictos mais hard cores da intelectualidade! to esperando, hein! WOO HOO! :D

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  2. Satre realmente deve ter sofrigo, visto que a Simone era radical pra caramba.
    Hanna e Heidegger são os pombinhos da intelectualidade conjugal. A História deles com certeza é muito emocionante. *-*
    Vc esqueceu de dizer que o Heidegger era conivente com o nazismo, isso conta muito, visto ela ser judia.

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